O exercício da advocacia, especialmente em casos de grande comoção social, continua sendo alvo de incompreensão e intolerância. Nas últimas semanas, o advogado Josefhe Souza, que atua na defesa do principal acusado pela morte da menina Ayla, em Areia Branca, tem sido alvo de uma série de ataques virtuais, incluindo ameaças pessoais, ofensas religiosas e tentativas de desqualificação por motivações políticas.
Ao se manifestar publicamente, o advogado explicou que sua postura nas redes foi uma reação direta às agressões que vem sofrendo. “As pessoas estão utilizando minha religião, minha ideologia política, pra macular minha imagem. Tenho recebido mensagens de ameaça no direct”, relatou. Josefhe também afirmou que teve que apagar diversas mensagens ofensivas e bloquear pessoas que vinham ultrapassando todos os limites do debate público.
As manifestações de ódio, amplificadas pelas redes sociais, ignoram o papel técnico e essencial da advocacia no Estado Democrático de Direito. Nenhum cidadão pode ser privado do direito à ampla defesa, e nenhum advogado deve ser perseguido por cumprir esse papel. A defesa, mesmo de um acusado em um caso de extrema gravidade, não representa aprovação de conduta — mas sim o cumprimento de um dever legal e constitucional.
Josefhe reforça que, para atuar com responsabilidade e equilíbrio, o advogado precisa manter distanciamento emocional. “Eu não posso sentir a dor do réu e nem a da família. Se eu sentir, deixo de ser advogado e passo a ser pai”, explicou. Essa postura é um dos pilares do exercício técnico da profissão, que exige serenidade e foco jurídico, mesmo diante da pressão social.
É fundamental que a sociedade compreenda que a advocacia não escolhe o lado da emoção, mas o lado da legalidade. Atuar na defesa de alguém acusado de um crime não transforma o advogado em cúmplice ou insensível. Pelo contrário: garante que o processo seja conduzido com lisura, dentro dos limites legais, e evita injustiças irreparáveis.
Casos como esse mostram a importância de proteger o livre exercício da advocacia. Quando o profissional do Direito passa a ser hostilizado por cumprir sua função, toda a estrutura de justiça é colocada em risco.
Deixe um comentário